As pancadas dos martelos e marretas no ferro ressoam durante as madrugadas nas comunidades de Lagêdo, no município de Cedro, e na Vila Central da cidade de Potengi, na região do Cariri. Uma tradição secular que une estes dois lugares e fomenta a economia dos municípios ganha capacitação apoiada pelo SEBRAE Com o apoio da Prefeitura de Cedro, por meio da sala do empreendorismo da Secretaria do Trabalho e Assistência Social e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), cerca de 20 ferreiros da comunidade de Lagêdo, visitaram as oficinas dos colegas de profissão na cidade de Potengi, no sábado (12/10). A comitiva cedrense foi recebida pela Prefeita de Potengi, Alizandra Gomes, secretários municipais e lideranças locais. O Prefeito de Cedro, Dr. Nilson Diniz, explicou o motivo da visita. "Em Lagêdo os ferreiros já desenvolvem excelentes peças e nós vimos que a parte da cutelaria, voltada para a fabricação de facas, poderia ser melhorada. Nosso desejo é exportar as peças produzidas aqui para outras regiões do país, melhorando a renda das famílias e a economia local, assim como já acontece com os ferreiros de Potengi". A importância da capacitação O analista técnico do Sebrae, Talles Teixeira, destaca a troca de experiências entre os dois grupos e, principalmente, a oportunidade de levar a capacitação para os profissionais. "É importante reconhecer essa tradição e o Sebrae visualizou esta demanda e este intercâmbio entre as cidades na parte de cutelaria, para que a gestão municipal também leve curso nesta área para o município de Cedro". Roger Glasser, membro da American Bladesmith Society, mestre pela Corporazione Italiana Coltellinai e presidente da International Bladesmith Order, já visitou o município de Cedro e falou sobre a parceria do SEBRAE "O curso prático de cutelaria com ferreiros traz a oportunidade de aperfeiçoamento destes profissionais. Quem fizer o curso terá acesso à tecnologia e a visibilidade dentro do mercado", destaca. O artesão da comunidade de Lagêdo, Francisco Victor, 78 anos, lembra a responsabilidade de manter essa tradição. "Meu pai me colocava para trabalhar, produzindo peças de prego de moinho, esporas, além de consertar cortadeiras de arroz, em 1965 montou uma oficina e foi repassando seu conhecimento para filhos e netos. Eu já ensinei cerca de 50 ferreiros e sou mestre de cultura do Governo do Estado, um reconhecimento e orgulho para todos nós", conta emocionado. Em sua oficina, são produzidas foices, roçadeiras, picaretas, machados, armadores, além de consertos de forrageiras, ciladeiras, peças de tratores e outras. Mestre Francisco Victor apoia a ideia de inovar na fabricação de novas peças para melhorar a renda de todos. "É importante demais esse apoio e vamos participar do curso, aprender as novidades, para que possamos colocar em nossa prática diária". A prefeita de Potengi, Alizandra Gomes, agradeceu a visita dos ferreiros de Cedro e falou sobre a experiência do município. "Este é um momento grandioso para todo o Estado. Em um tempo em que a tecnologia toma conta da vida, os ferreiros resistem e tiram o sustento das famílias dessa arte. Em parceria com o Sebrae, trouxemos o curso e, em menos de um mês, as peças que eram vendidas com valores entre R$ 20,00 e R$ 30,00, valorizaram-se chegando a valer entre R$ 300,00 e R$ 400,00. Um impacto gigante na economia do município e na vida deles".